Morreu em São Paulo o humorista Ary Toledo. Ele tinha 87 anos.
A primeira piada saiu espontaneamente, ainda na infância, quando um padre perguntou onde era o correio.
"Em vez de ficar aí, vai lá na igreja que eu vou ensinar pra vocês o caminho de Deus. Eu falei assim: ah, vai tomar banho, seu padre, o senhor não sabe nem o caminho do correio vai saber o caminho de Deus?", conta Ary Toledo uma gravação do programa Conversa com Bial.
Ao logo da vida, o humorista catalogou 65 mil piadas. Todas devidamente publicadas em livros, gibis, discos e anotadas em cadernos.
"Um dia, o professor falou assim: João Carlos, diga aí o nome de três grandes personalidades que comecem com a letra 'R'. Ele falou: pois não professor, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldinho Fenômeno. Tá legal, professor? Tá legal, mas eu preferia que você tivesse dito: Ramos de Azevedo, Rondon, Rui Barbosa. Tudo bem professor é que eu não decorei ainda o nome dos reservas", disse o humorista em gravação do acervo da Globo.
Ary Toledo começou a carreira no teatro amador em Ourinhos, no interior de São Paulo. Aos 22 anos, se mudou pra capital paulista, pra trabalhar e morar no teatro de arena, que reunia a cena teatral brasileira na década de 1950.
A primeira vaga foi a de faxineiro, mas logo ganhou o palco.
Na ditadura, uma de suas peças foi censurada e ele precisou prestar esclarecimentos.
"O coronel me reconheceu: não precisa ficar com medo. Isso aqui não é prisão, não precisa ficar com medo não, isso aqui é um convite. Mas convite a gente recusa ne? aí ele deu risada e falou: aqui não pode recusar não", diz Ary Toledo em gravação do acervo da Globo.
Ary Toledo também fez carreira no rádio e na TV. Trabalhou no Show de Calouros e na Praça é Nossa, do SBT. Muitas das piadas dele seriam impublicáveis hoje em dia.
Ary foi casado com a atriz Marly Marley, que morreu em 2014. Eles não tiveram filhos.
No início desse mês, Ary Toledo foi internado em um hospital em São Paulo para tratar uma pneumonia. Ele melhorou, foi para casa, mas na última quarta-feira (2) voltou a sentir falta de ar.
Ele novamente foi internado e morreu nesta sábado (12) de manhã, aos 87 anos.
Os amigos mais próximos contam que eles esteve lúcido e bem humorado até o fim.
