Por Gabriel Vaquer | Folhapress
Foto: Divulgação / Rogerio Pallatta
O SBT criou uma crise com o governo Lula, a Globo e a Record por causa de uma reportagem do programa Tá na Hora, exibida na última terça-feira (7). A matéria afirmava que caminhões com doações para vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul estavam sendo multados por não ter a nota fiscal dos produtos.
O relato foi feito pela âncora Márcia Dantas, que foi enviada ao estado gaúcho na segunda-feira (6). Marcão do Povo, o outro apresentador do programa, também ressaltou a informação e criticou as autoridades que supostamente multavam doações.
Assim que foi ao ar, Paulo Pimenta, atual ministro da Secretaria de Comunicação Social, pediu providências para que a reportagem fosse desmentida. Nesta quarta-feira (8), a reportagem não era mais encontrada nas páginas digitais do SBT ou no canal oficial da emissora no YouTube.
Nos bastidores da emissora de Silvio Santos, a interpretação é que a reportagem exibida é um indicativo da nova linha editorial de jornalismo do SBT nos próximos meses. Na semana passada, houve uma troca de comando: saiu José Occhiuso, e assumiu Luiz Weber.
O material do Tá na Hora revoltou especialmente Paulo Pimenta, que já havia dito em suas redes sociais que aquela informação, que rodava em grupos de extrema-direita fazia algumas horas, não era verdadeira.
A reportagem foi compartilhada por Daniela Beyruti, vice-presidente do SBT e também filha de Silvio Santos, em seu Instagram, com os dizeres: "Isso é jornalismo de verdade. Parabéns SBT!".
Em sua defesa, o SBT tem dito nos bastidores que não houve erro. A reportagem apenas relatou o que viu durante a ida para o Rio Grande do Sul.
Nesta quarta (8), a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) atualizou o protocolo para inspeções de caminhões, segundo o SBT, por causa da reportagem.
O fato também incomodou concorrentes. Globo e Record desmentiram, tanto em sua programação, como por meio de seus profissionais, que fizeram publicações a respeito do fato em suas redes sociais pessoais. Camila Bomfim, Natuza Nery e Reinaldo Gottino foram alguns deles.
Jornalistas que estão cobrindo a tragédia do Rio Grande do Sul no local também se incomodaram com o que aconteceu. Entendem que o SBT atrapalhou o trabalho da imprensa e criou uma histeria desnecessária.
Ao ser indagado sobre a reportagem do SBT, o ministro Paulo Pimenta apenas compartilhou links que voltaram a desmentir o que a TV de Osasco informou.
Em nota, o SBT diz que a reportagem não era mentirosa e que não tem interesses políticos no caso. A empresa defendeu o Tá na Hora e a repórter Marcia Dantas.
VEJA A NOTA NA ÍNTEGRA
"O SBT reforça seu compromisso com a verdade e ressalta que todo o departamento de jornalismo da emissora é guiado pela premissa de responsabilidade com a informação e com a sociedade.
A emissora não produz e não divulga inverdades e não tem o objetivo de politizar qualquer assunto conduzido pela equipe de jornalismo.
Especificamente sobre a tragédia que assola o Sul do País, o SBT tem adotado uma postura de serviço de utilidade pública, divulgando todas as ações de auxílio às vítimas e os canais oficiais de doação.
Em determinado momento desse trabalho, nossa equipe de reportagem constatou embaraços oficiais ao trânsito de caminhões com doações para o Rio Grande do Sul, e assim retratou os fatos, até mesmo como forma de alerta às autoridades.
A informação foi confirmada hoje pela Agência Nacional de Transportes Terrestres e o resultado, inclusive, é a suspensão das multas aplicadas, o que só foi possível diante da exposição do fato.
O objetivo da cobertura do jornalismo do SBT sobre a tragédia no Sul do País segue sendo o de ser um canal de apoio à população local, reforçando tudo o que pode ser feito para auxiliar as pessoas. Não há nem nunca houve vínculo ou objetivo político.
Comprometida com a verdade, a emissora seguirá trabalhando de forma incansável para trazer informação de qualidade e credibilidade para toda a população brasileira."
Bahia Noticias
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